
É um resto de toco, um caminhão basculante, um monte de areia no asfalto. Um carro em fila dupla, alguém saindo do supermercado. Alguém procurando vaga fugindo do estacionamento. É o buraco na rua, é o recapeamento, pedestre na faixa, é alguém fechando o cruzamento. É motoqueiro por todo lado, motoboy atabalhoado. É a sexta-feira de chuva, é o ônibus quebrado. É a avenida interditada, a Vinte e Três de Maio parada. É a Marginal entupida, é o bueiro destampado, a kombi velha encalhada. É o idoso atravessando a rua, o menino correndo atrás da bola, a perua voltando da escola. O marronzinho na esquina, o rodízio em andamento, um carro de porta aberta com um marido ciumento. É a pista bloqueada, a feira no meio do caminho, é o homem lavando a calçada, um vira-lata correndo sozinho. É a fumaça do escapamento, um chato com o dedo na buzina. É a Eletropaulo na esquina, o zelador de bicicleta, é a caçamba de entulho da obra que faz barulho. É o caminhão da Comgás, a obra da Sabesp, o buraco do Metrô e o poste da Telesp. É a mulher com o cachorrinho, é a galera na rua, as mesinhas do barzinho. É a blitz no viaduto, a sirene da ambulância, a manobra tão sem jeito atrapalhando a circunstância. É o apressado atrasado, o velhinho atrapalhado, o domingueiro no volante. É a hora, é o horário, a greve dos metroviários. É o atropelamento gerando cento e setenta quilômetros de congestionamento.
O trânsito de São Paulo bem pode ser uma metáfora da vida. Ou pelo menos de fases da vida. Abaixo da fotografia a legenda resume tudo: não flui. Bem que gostaríamos que a vida fosse uma free way, uma auto-estrada de alta velocidade. Correríamos rumo aos destinos desejados sem embaraços nem obstáculos. Chegaríamos rapidamente, sempre, sem imprevistos, sem desvios ou atrasos. Transitaríamos por ruas e avenidas sem buracos ou interdições, não precisaríamos desviar de ninguém e nada atrapalharia nosso caminho. Logo pela manhã ou no início da semana faríamos o planejamento de atividades, e um de cada vez iríamos cumprindo os compromissos agendados. Sem correria, sem contratempos, sem stress. Mas a vida não é assim. Independentemente de nossas vontades ou desejos, somos obrigados a parar, esperar e mudar de caminho. Algumas vezes precisamos aceitar os atrasos e de vez em quando nos resignar, admitindo que não chegamos ao destino desejado.
Não temos alternativas, senão a lembrança do que nos ensinaram nossos avós: "o que não tem remédio, remediado está". Ajustar as expectativas à realidade, por os pés no chão e seguir na estrada, cuidando para guardar o coração em paz, sem perder a delicadeza, a elegância, a paciência e a generosidade. O segredo está revelado pelo poeta bíblico: quem anda com Deus não tem medo de más notícias, pois as estradas do seu coração estão livres e aplanadas (Salmo 84). A vida abundante não depende de circunstâncias. Está do lado de dentro, no coração de quem tem Jesus por companhia.
por Ed René Kivitz
O trânsito de São Paulo bem pode ser uma metáfora da vida. Ou pelo menos de fases da vida. Abaixo da fotografia a legenda resume tudo: não flui. Bem que gostaríamos que a vida fosse uma free way, uma auto-estrada de alta velocidade. Correríamos rumo aos destinos desejados sem embaraços nem obstáculos. Chegaríamos rapidamente, sempre, sem imprevistos, sem desvios ou atrasos. Transitaríamos por ruas e avenidas sem buracos ou interdições, não precisaríamos desviar de ninguém e nada atrapalharia nosso caminho. Logo pela manhã ou no início da semana faríamos o planejamento de atividades, e um de cada vez iríamos cumprindo os compromissos agendados. Sem correria, sem contratempos, sem stress. Mas a vida não é assim. Independentemente de nossas vontades ou desejos, somos obrigados a parar, esperar e mudar de caminho. Algumas vezes precisamos aceitar os atrasos e de vez em quando nos resignar, admitindo que não chegamos ao destino desejado.
Não temos alternativas, senão a lembrança do que nos ensinaram nossos avós: "o que não tem remédio, remediado está". Ajustar as expectativas à realidade, por os pés no chão e seguir na estrada, cuidando para guardar o coração em paz, sem perder a delicadeza, a elegância, a paciência e a generosidade. O segredo está revelado pelo poeta bíblico: quem anda com Deus não tem medo de más notícias, pois as estradas do seu coração estão livres e aplanadas (Salmo 84). A vida abundante não depende de circunstâncias. Está do lado de dentro, no coração de quem tem Jesus por companhia.
por Ed René Kivitz
Texto bom, to com saudade dos textos do max lucado :D
ResponderExcluirTirar uma lição dessa do trânsito de São Paulo! Muito legal! Gostei da poesia também! =)
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