27 abril, 2010

Crise e a extrema pobreza



Com crise, 53 milhões de pessoas a mais permanecerão na extrema pobreza, diz relatório

Pelo menos 53 milhões de pessoas que deveriam sair de situação de pobreza extrema até 2015 não o farão devido à crise econômica mundial, que retardou o ritmo de redução da pobreza nos países em desenvolvimento, de acordo com um relatório do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgado nesta sexta-feira, em Washington.

São consideradas pessoas em extrema pobreza aquelas que vivem com menos de US$ 1,25 (cerca de R$ 2,20) por dia.

Segundo o documento, a crise está obstruindo o progresso no cumprimento das Metas de Desenvolvimento do Milênio - que foram estabelecidas pelas Nações Unidas em 2000 com o objetivo de alcançar melhoras em vários indicadores até 2015.

"A crise continuará a afetar as perspectivas de desenvolvimento de longo prazo muito além de 2015", diz o documento, intitulado Relatório sobre o Monitoramento Global 2010: as Metas de Desenvolvimento do Milênio após a Crise.

Fome

O documento afirma que a crise financeira, somada à crise dos preços dos alimentos ocorrida em 2008, intensificou a fome no mundo em desenvolvimento.

"A meta crítica de cortar pela metade a proporção de pessoas que sofrem de fome de 1990 a 2015 tem aparentemente muito pouca probabilidade de ser conseguida, uma vez que mais de 1 bilhão de pessoas lutam para atender às suas necessidades básicas de alimentos", diz o relatório.

Segundo o diretor-adjunto do FMI, Murilo Portugal, os efeitos da crise serão duradouros, mas ainda assim foram menores do que se esperava um ano atrás (na fase mais aguda da recessão em vários países).

Isso se deve ao fato de esta crise, ao contrário das anteriores, ter se originado em países avançados, e não nas economias em desenvolvimento, o que fez com que estas respondessem melhor, segundo Portugal.

Outro motivo para os efeitos terem sido menores, de acordo com Portugal, foram "significativos progressos" em termos de políticas macroeconômicas nos países em desenvolvimento.

"Os efeitos poderiam ter sido muito piores não fossem políticas e instituições melhores nos países em desenvolvimento nos últimos 15 anos", disse Portugal, ao apresentar o relatório.

América Latina

O documento afirma que o progresso no combate à pobreza tem sido desigual no mundo em desenvolvimento.

Na América Latina, segundo o documento, "os gastos sociais permaneceram fortes". O relatório cita o caso do Brasil, que ainda antes da crise estabeleceu "um programa de transferência condicional de crédito altamente bem-sucedido, o Bolsa Família", ampliado após a crise.

Apesar do impacto da crise na redução do ritmo do combate à pobreza, o relatório afirma que essa meta ainda pode ser alcançada.

A previsão é de que em 2015, data para o cumprimento das Metas do Milênio, o número de pessoas extremamente pobres seja de 918 milhões.

Segundo o Banco Mundial e o FMI, esse número representa "um declínio significativo" em relação ao 1,8 bilhão de pessoas que viviam em situação de extrema pobreza em 1990.

"Com base nessas estimativas, o mundo em desenvolvimento como um todo ainda está em vias de cumprir a primeira meta de cortar a pobreza extrema pela metade até 2015 com relação a seu nível de 1990", diz o relatório.


retirado de BBC Brasil

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