19 agosto, 2010

Pregação é uma arte




Rob Bell é mais que um pastor da nova geração: é uma figuraça. Fundador da Igreja Bíblica de Mars Hill, em Grand Rapids, Michigan, ele usa elementos inusitados em suas pregações, como um celular que deixa tocando em pleno sermão. Ou então apela para o bizarro, como quando levou uma cabra – isso mesmo, uma cabra – para o púlpito. Autor do livro Jesus quer salvar os cristãos, Bell, de 38 anos, fala em arte, experimentalismo e ruptura com a mesma desenvoltura com que discorre sobre justificação, Trindade e salvação. Seus ensinamentos são uma mistura de imagens, histórias pessoais e exegeses, além de algumas perspectivas provavelmente inéditas nas igrejas. A mensagem, entretanto, é ortodoxa, bíblica e bem informada pela história. O pacote inteiro, Bell diz, é subversivo. Como Jesus. Ele conversou com CRISTIANISMO HOJE:

CRISTIANISMO HOJE – Por que as imagens são criticadas na pregação de hoje?
ROB BELL – As Escrituras são cheias de imagens. Jesus, por exemplo, disse que o Espírito é como o vento. A mente oriental pensa muito em termos de figuras, enquanto a ocidental trabalho com palavras. Lá, eles pensam, por exemplo: “Jesus é uma rocha”A Oriental pensa, “Deus é uma rocha”. Do lado de cá do mundo, preferimos mencionar o Senhor em declarações de fé.

Pregar é uma forma de arte?
Eu penso que nós temos que recuperar a voz pregadora da poesia profética. Nós temos que recuperar aquele momento quando a pessoa falava “assim diz o Senhor!” e aquilo era a Palavra de Deus, que todo mundo reconhecia. É uma coisa linda. Eu quero recuperar isso como uma forma de arte revolucionária que realmente tem poder para transformar comunidades e culturas. Eu quero ver os poetas, os profetas e os artistas segurando o microfone e dizendo coisas boas sobre Deus. Penso que toda uma forma de arte tem sido perdida e precisa ser recapturada.



Pastores pragmáticos têm se destacado bastante. O que os artistas poderiam fazer de diferente?
Hoje, nós temos “Sete passos para a oração”, “Quatro passos para finanças” etc. Frequentemente, Deus é encolhido nesse processo. No esforço de simplificar as coisas, o Senhor é que acaba simplificado. A verdadeira fé ortodoxa é profundamente misteriosa, e toda questão respondida leva a um novo jogo de perguntas. Os rabinos acreditam que a palavra é como uma pedra preciosa: quanto mais você a gira, mais sua luz é refratada.

Sua pregação mistura estilos e imagens. E as pessoas frequentemente riem. Você pretende entreter as pessoas?
Na universidade meus amigos e eu começamos uma banda justamente quando a música estava começando a ser chamada de alternativa – pré-Nirvana. Nós estávamos escrevendo o nosso próprio material. As pessoas ouviriam, e se gostassem, comprariam a cassete. (Isso. Nós fazíamos cassetes nos nossos quartos). Meu pensamento é que se você vai ver uma banda e não gosta, vai embora. Você não fica em pé por uma banda que você não gosta.
Então meu entendimento em comunicação é que você engaja as pessoas onde elas estão. Se você não faz isso, elas vão embora.
Algumas vezes eu ouço as pessoas dizerem, “a igreja não está aqui para entreter”. Entreter significar segurar a atenção da pessoa, que é claramente o que os professores da escritura estão fazendo. Eles engajam e capturam a atenção.
Mas nós não estamos aqui para divertir. Divertir significa não pensar. E é errado impedir as pessoas de pensar ou distraí-las do pensamento. Eu não estou aqui para divertir. Mas é claro que eu quero engajar as pessoas. Eu tenho algo para dizer.


retirado de Cristianismo Hoje

Um comentário:

Mia disse...

oi tudo bom?
Obrigado pelo comentário no meu blog,passa por lá mais vezes :D
Dta