21 junho, 2009

Adolescentes estão assustados com o futuro



Será que vai dar certo? - E se eu perceber que o curso que escolhi não tem nada a ver comigo? Na minha experiência em orientação vocacional/profissional essas são as perguntas que mais ouço, quase que invariavelmente, dos adolescentes que estão em dúvidas quanto ao que irão ser quando crescerem. Alguns ainda não cresceram, literalmente, encontram-se imaturos, com a cabeça num mundo que ainda não cabe uma decisão dessa dimensão e fazer escolhas desse naipe torna-se, no mínimo, muito confuso.

Por outro lado, temos adolescentes já bem crescidinhos, que iguais aos primeiros, também têm dificuldade de escolher um curso que irão fazer na faculdade, desenvolvendo conflitos de identidade, traduzidos por sentimentos de impotência, incompetência e culpa. Porém, ao começarmos uma conversa com qualquer um deles, o sentimento que mais se percebe embutido em suas colocações é o medo. O nosso adolescente, via de regra, está muito assustado com o futuro, muito descrente de si e com pouca fé. E, convenhamos, não é para menos.

Se considerarmos que nosso sistema de avaliação para ingresso num curso superior é injusto, se pensarmos na pluralidade de cursos existentes, se considerarmos que nossa economia é instável e que inúmeros universitários estão desempregados engrossando filas para concursos públicos por falta de melhores opções no mercado, não é fácil mesmo fazer uma opção tão especial. Por outro lado, os pais e a escola, na maioria das vezes, não tiveram a perspicácia de treinarem seus filhos e alunos para fazerem escolhas.

Diante de tudo isso, é natural que essa juventude esteja insegura para a escolha profissional, num mundo globalizado com mudanças constantes e muitas vezes radicais nas questões políticas, econômicas, tecnológicas e sociais de modo geral.

Portanto, se em curto espaço de tempo o status quo não vai mudar, temos que repensar em quebrar antigos paradigmas referentes a trabalho como, por exemplo, emprego, carteira registrada, estabilidade, segurança, benefícios etc. e embutir nos currículos das escolas e na educação familiar, atividades e atitudes que venham a desenvolver a criatividade, a flexibilidade, a comunicação, autonomia, a tomada de decisões, o empreendedorismo, a análise, a crítica, a ética, a cidadania, a inteligência emocional, a busca do conhecimento e melhoria contínua que somadas possam fortalecer e trazer à luz as aptidões e talentos próprios da natureza humana. Com esses quesitos treinados e desenvolvidos, a possibilidade de desenvolvermos jovens seguros, com auto-estima elevada, prontos a assumirem riscos, aumenta consideravelmente, não só no campo profissional, mas em todas as esferas da vida.

Daí, então, poderemos falar de medo apenas como algo importante para preservarmos nossa integridade física e mental diante das escolhas e não como algo paralisante e limitador.

E, para concluir, não existem escolhas definitivas. Devemos conviver com a idéia de que, como qualquer outra escolha, a definição profissional é um processo de tentativa e erro. Algumas decisões amadurecem somente lá pela terceira década da vida; outras, como ocorrem com certos remédios, têm prazo de validade.


Encarar o novo é o que mais dá medo


Um levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde divulgado ontem mostra que encarar o novo ou lidar com alguma circunstância inesperada na vida é o que mais incomoda adolescentes paulistas entre 10 aos 20 anos de idade. O estudo, feito com base nos atendimentos do projeto Dá pra atender?, da Casa do Adolescente, aponta a causa como responsável por quase 20% das queixas entre os jovens.

A pesquisa foi realizada durante todo o ano de 2007 com 200 adolescentes, selecionados aleatoriamente, que procuraram atendimento no programa pela primeira vez. A maior finalidade do estudo é avaliar os diagnósticos mais freqüentes entre os jovens que procuram algum tipo de ajuda psicológica.

Do total da amostragem, 100 são mulheres e 100 são homens. Em ambos os sexos, a preocupação com o novo lidera as queixas, com 18% entre as jovens e 19% entre os meninos.

Entre as adolescentes, a segunda principal queixa são os problemas de relacionamento com os pais, com 14%, seguido por depressão, com 6%, e fatores psicológicos que afetam a condição física (sobrepeso), com 5% dos problemas entre as meninas.

Já entre os meninos, a segunda principal preocupação são os transtornos de aprendizagem, somando 18%. Os problemas de relacionamento com pai e mãe vêm logo depois, com 15%, seguido por problemas acadêmicos, com 14%, e por último o chamado transtorno desafiador opositivo (comportamento negativista, hostil), com 10%.

Conflitos internos e insegurança para enfrentar novos desafios são naturais nessa fase da vida, mas é preciso dar espaço para que os jovens falem e se expressem sobre esses assuntos. Trabalhar o lado emocional é fundamental para orientar os adolescentes, avalia Lia Pinheiro, coordenadora da pesquisa


retirado de Loved

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